Grampo

Soraya Braz e Fabio FON · Instalação · 2007

Quando percebe o uso de telefones celulares por perto, Grampo reage com a execução de conversas incômodas, discutindo questões ambientais (a radiação dos aparelhos) e questões sociais (as práticas intrusivas nas conversas) no uso da tecnologia.

Grampo foi um trabalho produzido por Soraya Braz e Fabio FON que propõe trazer à tona o caráter intrusivo que a telefonia celular encapsulava em seu uso, em especial, no contexto da disseminação gigantesca que a tecnologia adquire nos anos 2000. Grampo era um objeto que dispunha de sensores luminosos que captavam a radiação do ambiente em que se encontrava e com um sistema capaz de emitir sons quando havia algum telefone celular (ou outras emissões de radiação eletromagnética) em uso por perto. Primeiramente, assim como o trabalho Roaming, Grampo possuiu pequenos sensores radiofrequência, que eram comumente utilizados no interior de pingentes de celulares, comercializados em lojas de bijuterias e miudezas. Esses sensores tornam-se luminosos ao captarem o uso de celulares. Ao serem estimulados por determinadas transmissões eletromagnéticas (uso de celulares em proximidade, por exemplo) iluminam-se, tornando visível a presença de emissões de radiofrequência.

Além dos sensores dispostos, havia também um sistema gerenciado por um destes mesmos sensores que detectava o uso de celulares e acionava um banco de conversas perturbadoras de usuários de celulares, capturadas pelos artistas em locais públicos da cidade de São Paulo (uma prática não-autorizada por seus falantes, o que justifica o título do trabalho). Na prática, quando um visitante utilizava seu celular próximo ao trabalho, automaticamente eram reproduzidos pequenos trechos destas conversas, como ruídos intrusos de comunicação. Ao mesmo tempo, todo o trabalho se ilumina com sequências de luzes coloridas.

A intenção do trabalho era lidar com diferentes esferas de intromissão desta tecnologia: se por um lado temos a questão ambiental, quando a radiação eletromagnética silenciosamente invade espaços e transpassa nossos corpos, por outro, havia também um caráter mais social, em uma tentativa de devolver aos usuários uma intromissão que confunde espaços públicos e privados. Essa preocupação também estaria presente em um trabalho posterior chamado Captas, no qual os sensores de radiação avançam para o espaço urbano.

Grampo foi inicialmente apresentado na exposição 27 Formas no Paço das Artes, em São Paulo, entre 11/12/2007 e 06/01/2008. A exposição 27 Formas contou com a organização da Profa. Dra. Silvia Laurentiz, conjuntamente com o Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da USP. Em 2008, foi apresentado na Mostra Expositiva do Mobilefest – Festival de arte e criatividade móvel – dentro da Campus Party Brasil, acontecida no Pavilhão da Bienal, Parque do Ibirapuera, São Paulo, entre os dias 11 e 17 de fevereiro. O evento contou com a participação de 3.000 inscritos e mais de 50.000 visitantes, além de grande cobertura da imprensa.

Este trabalho contou com a colaboração da dupla de artistas Sergio Bonilha e Luciana Ohira na programação do hardware – uma placa Arduino – que gerenciava o sistema sonoro.

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