Casa Escura

Fabio FON · web arte · 1999-2004

Um site sem imagens, mas com muitos sons: Casa Escura, um dos primeiros experimentos sonoros de Fabio FON em web arte. O visitante explorava diferentes ambientes virtuais sonoro-táteis, seguindo um possível percurso.

Em 1999, havia por parte de Fabio FON, a preocupação de questionar a interface – a relação entre aquele que acessa e a máquina.  Nesse período são produzidos dois trabalhos paradigmáticos em sua produção: ONOS e Casa Escura. Ao contrário de ONOS, Casa Escura não requer um repertório mais específico das práticas e situações ligadas ao ambiente computacional. Neste sentido, pode-se dizer que é muito mais intuitivo. Este trabalho foi igualmente desenvolvido no então software Macromedia Flash (mais tarde, Adobe Flash), constituído basicamente de botões sensíveis aos movimentos do mouse que acionam sons diversos.

Casa Escura era um trabalho constituído de diferentes ambientes virtuais sonoro-táteis, onde em cada um dos ambientes, ao percorrer. tateando a tela com seu mouse, o público se deparava com sons dos mais diversos – em diferentes volumes e naturezas – que se repetiam conforme o mouse voltava a percorrer, gerando caos numa suposta proposta de percorrer aposentos de uma casa (daí seu título “Casa Escura). Alguns dos sons, quando clicados, eram links para novos “aposentos” sonoros.

Os efeitos sonoros existentes no decorrer das telas reproduzem alguns sons típicos do universo doméstico como portas, telefone, eletrodomésticos, relógios, entre outros. Porém, em cada tela, um botão irá estar associado a uma voz, com comandos que visam indicar o caminho para o visitante. Indicações como “siga!”, “por aqui!”, “venha!”, apresentam onde deverá ser clicado para que a exploração continue, numa nova tela com novos sons. Num meio visual por excelência, Casa Escura propõe a experiência do invisível, num patamar de imersão em que prevalece a dimensão do som, puro e simples. A interface é não mais visual mas sonora, tátil na extensão de nossa mão.

Em referência a este trabalho, a Profª. Drª  Cristina Costa (ECA/USP), em sua pesquisa sobre a narrativa em mídias eletrônicas discorre:

[Uma] experiência que explora outras linguagens que não a verbal ou literária foi apresentada por Fabio Oliveira Nunes no 2o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – 2o FILE. Casa Escura, site criado pelo artista, propõe ao visitante uma experiência baseada apenas em sons. O usuário é convidado a interagir com uma tela escura na qual o clicar do mouse vai acessando sons que simulam a entrada em uma casa às escuras e o percurso pelo seu interior. Algumas expressões como Entre!, Por aqui! e Cuidado! foram usadas, mas a interação é principalmente tátil e sonora, com sons que reproduzem ruídos e não palavras.

Assim como o ONOS, Casa Escura participou da versão 2000 do FILE – Festival Internacional da Linguagem Eletrônica. Foi destaque em breve reportagem realizada pelo jornal Folha de S. Paulo, no caderno ”Guia da Folha”, dia 1º de setembro de 2000, sobre o festival realizado no MIS – Museu da Imagem e do Som de São Paulo.

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